quarta-feira, 20 de março de 2013

O QUE É ISTO – A FILOSOFIA?

O QUE É ISTO – A FILOSOFIA? Uma a adaptação do livro de Martin Heidegger publicado em 1956 – Qu’est-ce Que La Philosophie? Com esta questão tocamos um tema muito vasto. Por ser vasto, parece indeterminado. Por ser indeterminado, podemos trata-lo sob os mais diferentes pontos de vista e sempre atingiremos algo certo. Entretanto, pelo fato de, na abordagem deste tema tão amplo, se interpretarem todas as opiniões, corremos o risco de nosso diálogo se perder a devida concentração. Por isso devemos tentar determinar mais exatamente a questão. Desta maneira, levaremos o diálogo para uma direção segura. Procedendo assim, o diálogo é conduzido a um caminho. Digo: um caminho. Assim concedemos que este não é o único caminho. Deve ficar mesmo em aberto se o caminho para o qual desejaria chamar a atenção, no que segue, é na verdade em caminho que nos permite levantar a questão e responde-la. Suponhamos que seríamos capazes de encontrar um a caminho para responder mais exatamente à questão; então se levanta imediatamente uma grave objeção contra o tema de nosso encontro. Quando perguntamos: Que é isto – a filosofia? falamos sobre a filosofia. Perguntando desta maneira, permanecemos, num ponto acima da filosofia e isto quer dizer fora dela. Porém, a meta de nossa questão é penetrar na filosofia, demoramo-nos nela, submeter nosso comportamento às suas leis, quer dizer, “filosofar”. O caminho de nossa discussão deve ter por isso não apenas uma direção bem clara, mas esta direção deve, ao mesmo tempo, oferecer-nos também a garantia de que nos movemos no âmbito da filosofia, e não fora e em torno dela. O caminho de nossa discussão deve ser, portanto, de tal tipo e direção que aquilo de que a filosofia trata atinja nossa responsabilidade, nos toque (...) e justamente em nosso ser. Mas não se transforma assim a filosofia num objeto de nosso mundo afetivo e sentimental? (...) Mesmo os mais belos sentimentos não pertencem à filosofia. Diz-se que os sentimentos são algo irracional. A filosofia, não é apenas algo racional, mas a própria guarda da razão*. Afirmando isto decidimos sem querer algo sobre o que é a filosofia. Com nossa pergunta já nos antecipamos à resposta. Qualquer uma terá por certa a afirmação de que a filosofia é tarefa da razão. E, contudo, esta afirmação é talvez uma resposta apressada e descontrolada à pergunta: Que é isto – a filosofia? Pois a esta resposta podemos contrapor novas questões. Que é isto – a razão (...)? Onde e por quem foi decidido o que é razão? Arvorou-se a razão mesma em senhora da filosofia? Em caso afirmativo, com que direito? Se negativa a resposta, de onde recebe ela sua missão e seu papel? Se aquilo que se apresenta como razão foi primeiramente fixado e apenas fixado pela filosofia e na marcha de sua história, então não é um bom alvitre** tratar a priori*** tratar a filosofia como negócio da racio. Todavia, tão logo pomos em suspeição a caracterização da filosofia como um comportamento racional, torna-se desta maneira, também duvidoso se a filosofia pertence à esfera do irracional. Pois quem quiser determinar a filosofia como irracional, toma como padrão para determinação o racional, e este de um tal modo pressupõe como óbvio que seja a razão. Se, por um lado, apontamos para a possibilidade de que aquilo a que a filosofia se refere concerne a nós homens em nosso ser e nos toca, então poderia ser que esta maneira de ser afetado não tem absolutamente nada a ver com aquilo que comumente se designa de afetos e sentimentos, em resumo, o irracional.(...) Heidegger encontra-se neste momento do texto preocupado em que caminho tomar para responder sua pergunta, mas ao mesmo tempo que toma a etimologia grega da palavra, já está caminhando filosoficamente. (Extraído da coleção os PENSADORES, Martin Heidegger).

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