domingo, 3 de maio de 2015

Amizade



A questão de falar sobre amizade, é tratar daqueles sentimentos que desenvolvemos espontaneamente, que surge desde os efêmeros relacionamentos. Desde os primeiros contatos que fizemos, sendo no contato familiar ou não, sentimos um apreço e uma simpatia muito grande por certas pessoas, que chamamos de amigos.
É comum ver crianças nas escolas fazendo pactos de amizades ou qualificando os relacionamentos entre os “verdadeiros” e “falsos” amigos.
Amizade é um tipo de amor. Porém, comumente quando chamamos de amor referimo-nos em um sentimento próprio que chamamos de casal (no sentido restrito). Talvez a amizade é aquele tipo de relacionamento, por afinidade; coisas que possuímos e sentimos em comum com certas pessoas.
A amizade é um tipo intermediário de amor, que não chega a ser possessivo o exclusivo, mas também possui sua versão idealizada: como uma espécie de outro eu. Aristóteles postulou como o ápice dos relacionamentos humanos. Pois o homem é um ser social, e a amizade é o relacionamento virtuoso por excelência.
Podemos ter vários amigos sem que necessariamente um implique no outro. Algumas vezes querem o status de únicos, principalmente quando envolve um triângulo afetivo. Uma amiga briga com uma segunda, e a terceira que amigas de ambas é obrigado a escolher entre uma ou outra. Mas este sentimento de posse muitas vezes é mais inseguranças do que necessariamente amizade.
Para designar amizade tempos algumas características aceitas comumente:
“Esperamos que os amigos dizem a verdade!”. Esperamos que nossos amigos digam a verdade mesmo que isto implique no fim da amizade. Ou poderíamos nesse caso justificar a mentira? Para manter deveríamos mentir? Qual o grau de mentira seria tolerável. Uma leve mentira para manter a amizade seria então justificada? Idealmente isto é intolerável, Wilde diz: “Amigo é aquele que nos esfaqueia pela frente”.
Dito de forma mais amável “A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos, e de todas as nossas qualidades”. O certo é que numa relação há algo de dialético, que não sozinho em mim, mas é algo que sugue do contato, psicologicamente falando, o defeito do outro é talvez a minha incapacidade de compreender.
Todavia o risco de se dizer a “verdade” (minha verdade) é de perder a amizade. Porém, a mentira parece inconcebível com o que chamamos de amizade, por que se considera uma traição. E a traição soa como uma das mais abomináveis e contrárias característica do amor. A traição parece que fere qualquer tipo de relação de simetria. A palavras traição tem a mesma raiz etimológica de tradição: que significa passar algo a outro, mas no caso de traição é passar algo em prejuízo do outro.
Leibniz já celebrava: “Que Deus me cuide dos amigos, porque dos inimigos cuido eu”. Pois os amigos conhecem o que há de frágil em nós, porque com eles baixamos a guarda e  nos entregamos, confidenciamos e soltamos. Então uma traição de um amigo sempre é mais cruel, pois eles sabem muito de nós, e sobre eles depositamos nossa expectativa. E a dramática expectativa de esperar algo no futuro que não se concretiza.
Outra característica que parece adjetiva da amizade é sua durabilidade: “Se amizade for verdadeira deve ser duradora”, sintetizada por Mario Quintana “Amizade é um amor que nunca morre”. Porém, se a amizade for curta não será amizade? É possível existir amizade distante? E os amigos que tivemos certo período da vida não são amigos?
Imaginemos os amigos que o tempo e o espaço distanciou, pela morte. Parece que um amigo que morreu não deixa de ser amigo, somente perdemos o contato. Mas e de pessoas que as circunstancias nos distanciaram, mesmo assim continuamos ser Velhos amigos. O mais crítico parece porém o caso dos amigos que brigaram. Parece que o desafeto finda a amizade. Porém, isto apesar de não ser perceptível pelo sentimento de ódio, não implica que aquilo que se tenha vivido em certo momento não tenha sido uma verdadeira amizade. Não foi verdadeiro só porque não perdurou?
Existe uma outra máxima que parece ser complicada: “Pode haver amizade verdadeira entre um homem e uma mulher” (Consideramos esta máxima segundo a moral ocidental e cristã), mas sutilmente significa “pode haver amizade quando há atração física, paixão ou relação sexual?”. No mundo cristão não pode haver qualquer tipo de amor erotizado, numa verdadeira amizade.  Tal amizade sofreria uma mudança não somente de quantidade de intimidade, mas qualitativamente seria outra coisa: o Amor (casal). “Não pode haver amizade entre um homem e uma mulher. Pode haver paixão, hostilidade, adoração, amor, mas não amizade” (Wilde). Isto significa não colocar a amizade como uma espécie de amor somente em intensidade, mas em qualidade.
Há ainda uma ultimam questão contemporânea a ser discutida: O amor virtual. Num mundo em que as distancias físicas são encolhidas pelas tecnologias de informação, e que os relacionamentos físicos estão dando lugar à relacionamento mediatizados pelas tecnologias digitais, a pergunta é pode uma amizade virtual receber o título de amizade? Parece que estamos dispostos a aceitar que “velhos amigos” se reaproximem, porém temos um pouco mais de dificuldade em aceitar amizades mantidas somente pelo mundo digitalizado. A ala mais conservadora acredita que há uma perda de contato, que no futuro as gerações (principalmente a geração Z) terão problemas de relacionamentos.
Para finalizar há de se ter amigos? Vale a pena ter e cultivar amizades? Parece que como seres sociais que somos, é imprescindível ter amigos para sermos felizes. Porém, o número, a intensidade, o tempo que esta amizade perdura, o que estamos dispostos a abrir mão para manter uma amizade é uma questão de simetria e vontade de ambos. Em se tratando de um relacionamento que envolve duas ou mais pessoas, significa que não depende de uma pessoa só manter ou não a amizade. Ela depende de um conjunto de fatores, dentre eles acolhimento do outro, o cultivo e tempo, e o querer, para que possamos abrir mão do narcisismo do eu e abrir-se ao outro, para se completar no nós.
Dito de forma simplificada, somente com adesão livre, saímos de nossa subjetividade e mantemos relações intersubjetivas (dois sujeitos).
A amizade diminui a posse, e aumenta a possibilidade de dois espíritos livres manterem o prazer, o deleite ou a alegrias de compartilhar e comungarem momentos juntos. A amizade não pretende exclusividade, mas cumplicidade e in-clusividade. A capacidade de aceitar a diferença, e compreender e aceitar o outro dentro de suas limitações.
O que a filosofia tem a dizer sobre isso: “Conhece-te te a ti mesmo”: o outro te completa ou te suga, conforme sua postura, não controlamos o outros, e muito menos o que sentimos, mas guiamos a forma de vida que queremos levar, partindo de uma vontade interior. Resumindo: a amizade não depende exclusivamente de mim, mas sem eu querer manter não há qualquer possibilidade. Eu quero possibilita o nos queremos!





Loucos e Santos (Oscar Wilde)

Escolho meus amigos não pela pele
ou outro arquétipo qualquer,
mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.

A mim não interessam:
os bons de espírito
nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim
louco e santo.

Deles não quero resposta,
quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias
e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco!

Quero os santos, para que
não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos
pela alma lavada
e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo,
quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto,
não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim:
metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis,
nem choros piedosos.

Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
e outra metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam
o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois, os vendo loucos e santos,
bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade"
é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

terça-feira, 18 de junho de 2013

 
 
 
 
 
Bizantinos
 
 
História do Islamismo
 

quarta-feira, 20 de março de 2013

O QUE É ISTO – A FILOSOFIA?

Uma a adaptação do livro de Martin Heidegger publicado em 1956 – Qu’est-ce Que La Philosophie? Com esta questão tocamos um tema muito vasto. Por ser vasto, parece indeterminado. Por ser indeterminado, podemos trata-lo sob os mais diferentes pontos de vista e sempre atingiremos algo certo. Entretanto, pelo fato de, na abordagem deste tema tão amplo, se interpretarem todas as opiniões, corremos o risco de nosso diálogo se perder a devida concentração. Por isso devemos tentar determinar mais exatamente a questão. Desta maneira, levaremos o diálogo para uma direção segura. Procedendo assim, o diálogo é conduzido a um caminho. Digo: um caminho. Assim concedemos que este não é o único caminho. Deve ficar mesmo em aberto se o caminho para o qual desejaria chamar a atenção, no que segue, é na verdade em caminho que nos permite levantar a questão e responde-la. Suponhamos que seríamos capazes de encontrar um a caminho para responder mais exatamente à questão; então se levanta imediatamente uma grave objeção contra o tema de nosso encontro. Quando perguntamos: Que é isto – a filosofia? falamos sobre a filosofia. Perguntando desta maneira, permanecemos, num ponto acima da filosofia e isto quer dizer fora dela. Porém, a meta de nossa questão é penetrar na filosofia, demoramo-nos nela, submeter nosso comportamento às suas leis, quer dizer, “filosofar”. O caminho de nossa discussão deve ter por isso não apenas uma direção bem clara, mas esta direção deve, ao mesmo tempo, oferecer-nos também a garantia de que nos movemos no âmbito da filosofia, e não fora e em torno dela. O caminho de nossa discussão deve ser, portanto, de tal tipo e direção que aquilo de que a filosofia trata atinja nossa responsabilidade, nos toque (...) e justamente em nosso ser. Mas não se transforma assim a filosofia num objeto de nosso mundo afetivo e sentimental? (...) Mesmo os mais belos sentimentos não pertencem à filosofia. Diz-se que os sentimentos são algo irracional. A filosofia, não é apenas algo racional, mas a própria guarda da razão*. Afirmando isto decidimos sem querer algo sobre o que é a filosofia. Com nossa pergunta já nos antecipamos à resposta. Qualquer uma terá por certa a afirmação de que a filosofia é tarefa da razão. E, contudo, esta afirmação é talvez uma resposta apressada e descontrolada à pergunta: Que é isto – a filosofia? Pois a esta resposta podemos contrapor novas questões. Que é isto – a razão (...)? Onde e por quem foi decidido o que é razão? Arvorou-se a razão mesma em senhora da filosofia? Em caso afirmativo, com que direito? Se negativa a resposta, de onde recebe ela sua missão e seu papel? Se aquilo que se apresenta como razão foi primeiramente fixado e apenas fixado pela filosofia e na marcha de sua história, então não é um bom alvitre** tratar a priori*** tratar a filosofia como negócio da racio. Todavia, tão logo pomos em suspeição a caracterização da filosofia como um comportamento racional, torna-se desta maneira, também duvidoso se a filosofia pertence à esfera do irracional. Pois quem quiser determinar a filosofia como irracional, toma como padrão para determinação o racional, e este de um tal modo pressupõe como óbvio que seja a razão. Se, por um lado, apontamos para a possibilidade de que aquilo a que a filosofia se refere concerne a nós homens em nosso ser e nos toca, então poderia ser que esta maneira de ser afetado não tem absolutamente nada a ver com aquilo que comumente se designa de afetos e sentimentos, em resumo, o irracional.(...) Heidegger encontra-se neste momento do texto preocupado em que caminho tomar para responder sua pergunta, mas ao mesmo tempo que toma a etimologia grega da palavra, já está caminhando filosoficamente. (Extraído da coleção os PENSADORES, Martin Heidegger).

O QUE É ISTO – A FILOSOFIA?

O QUE É ISTO – A FILOSOFIA? Uma a adaptação do livro de Martin Heidegger publicado em 1956 – Qu’est-ce Que La Philosophie? Com esta questão tocamos um tema muito vasto. Por ser vasto, parece indeterminado. Por ser indeterminado, podemos trata-lo sob os mais diferentes pontos de vista e sempre atingiremos algo certo. Entretanto, pelo fato de, na abordagem deste tema tão amplo, se interpretarem todas as opiniões, corremos o risco de nosso diálogo se perder a devida concentração. Por isso devemos tentar determinar mais exatamente a questão. Desta maneira, levaremos o diálogo para uma direção segura. Procedendo assim, o diálogo é conduzido a um caminho. Digo: um caminho. Assim concedemos que este não é o único caminho. Deve ficar mesmo em aberto se o caminho para o qual desejaria chamar a atenção, no que segue, é na verdade em caminho que nos permite levantar a questão e responde-la. Suponhamos que seríamos capazes de encontrar um a caminho para responder mais exatamente à questão; então se levanta imediatamente uma grave objeção contra o tema de nosso encontro. Quando perguntamos: Que é isto – a filosofia? falamos sobre a filosofia. Perguntando desta maneira, permanecemos, num ponto acima da filosofia e isto quer dizer fora dela. Porém, a meta de nossa questão é penetrar na filosofia, demoramo-nos nela, submeter nosso comportamento às suas leis, quer dizer, “filosofar”. O caminho de nossa discussão deve ter por isso não apenas uma direção bem clara, mas esta direção deve, ao mesmo tempo, oferecer-nos também a garantia de que nos movemos no âmbito da filosofia, e não fora e em torno dela. O caminho de nossa discussão deve ser, portanto, de tal tipo e direção que aquilo de que a filosofia trata atinja nossa responsabilidade, nos toque (...) e justamente em nosso ser. Mas não se transforma assim a filosofia num objeto de nosso mundo afetivo e sentimental? (...) Mesmo os mais belos sentimentos não pertencem à filosofia. Diz-se que os sentimentos são algo irracional. A filosofia, não é apenas algo racional, mas a própria guarda da razão*. Afirmando isto decidimos sem querer algo sobre o que é a filosofia. Com nossa pergunta já nos antecipamos à resposta. Qualquer uma terá por certa a afirmação de que a filosofia é tarefa da razão. E, contudo, esta afirmação é talvez uma resposta apressada e descontrolada à pergunta: Que é isto – a filosofia? Pois a esta resposta podemos contrapor novas questões. Que é isto – a razão (...)? Onde e por quem foi decidido o que é razão? Arvorou-se a razão mesma em senhora da filosofia? Em caso afirmativo, com que direito? Se negativa a resposta, de onde recebe ela sua missão e seu papel? Se aquilo que se apresenta como razão foi primeiramente fixado e apenas fixado pela filosofia e na marcha de sua história, então não é um bom alvitre** tratar a priori*** tratar a filosofia como negócio da racio. Todavia, tão logo pomos em suspeição a caracterização da filosofia como um comportamento racional, torna-se desta maneira, também duvidoso se a filosofia pertence à esfera do irracional. Pois quem quiser determinar a filosofia como irracional, toma como padrão para determinação o racional, e este de um tal modo pressupõe como óbvio que seja a razão. Se, por um lado, apontamos para a possibilidade de que aquilo a que a filosofia se refere concerne a nós homens em nosso ser e nos toca, então poderia ser que esta maneira de ser afetado não tem absolutamente nada a ver com aquilo que comumente se designa de afetos e sentimentos, em resumo, o irracional.(...) Heidegger encontra-se neste momento do texto preocupado em que caminho tomar para responder sua pergunta, mas ao mesmo tempo que toma a etimologia grega da palavra, já está caminhando filosoficamente. (Extraído da coleção os PENSADORES, Martin Heidegger).

A filosofia entra a ciência e religião - Russel

FILOSOFIA Filosofia é uma palavra que tem sido empregada de várias maneiras, umas mais simples e outras mais restritas. Pretendo emprega-la em seu sentido mais amplo, como procurarei explicar mais adiante. A filosofia conforme entendo a palavra, é algo intermediário entre a Teologia e a Ciência. Como a Teologia, consiste de especulações sobre assuntos a que o conhecimento exato não conseguiu até agora chegar, mas, como Ciência, apela mais à razão humana do que à autoridade, seja esta a da tradição ou a da revelação. Todo conhecimento definido – eu o afirmaria – pertence à Ciência; e todo dogma, quanto ao que ultrapassa o conhecimento definido, pertence à Teologia. Mas entre a Teologia e a Ciência existe uma Terra de Ninguém: é a Filosofia. Quase todas as questões de máximo interesse dos espíritos especulativos são de tal índole que a ciência não as pode responder, e as respostas confiantes dos teólogos já não nos parecem tão convincentes como o eram nos séculos passados. Acha-se o mundo dividido em espírito e matéria. E, supondo-se que assim seja, que é espírito e que é matéria? Acha-se o espírito sujeito a matéria, ou é ele dotado de forças independentes? Possui o universo alguma unidade ou propósito? Está ele evoluindo rumo a alguma finalidade? Existe realmente leis da natureza, ou acreditamos nela devido unicamente ao nosso amor inato pela ordem? É o homem o que ele parece ser ao astrônomo, isto é, um minúsculo conjunto de carbono e água a rastejar, impotentemente, sobre um pequeno planeta sem importância? (...) Existe uma maneira de viver que seja nobre e outra seja baixa, ou todas maneiras de viver são simplesmente inúteis? Se há um modo de vida nobre, em que consiste ele, e de que maneira realiza-lo? Deve o bem ser eterno, para merecer o valor que lhe atribuímos, ou vale a pena procura-lo, mesmo que o universo se mova, inexoravelmente, para a morte? Tais questões não encontram respostas nos laboratórios. As Teologias tem pretendido dar respostas, todas elas demasiadamente concludentes, mas a sua própria segurança faz com que o espírito moderno as encare com suspeita. O estudo de tais questões, mesmo que não se resolvam esses problemas, constitui o empenho da Filosofia. Mas por que, então – poderíamos perguntar – perder tempo como problemas tão insolúveis? A isto, poder-se-ia responder como o historiador ou como individuo que enfrenta o terror da solidão cósmica. (...) Desde que o homem se tornou capaz de livre especulação, suas ações, em muitos aspectos importantes, tem dependido de teorias relativas ao mundo e à vida humana, relativas ao bem e o mal. Isto é tão verdadeiro em nossos dias como em qualquer época anterior. Para compreender uma época ou nação, devemos compreender sua filosofia e, para compreendermos sua filosofia, temos de ser, até certo ponto, filósofos. Há uma relação causal recíproca. As circunstancias das vidas humanas contribuem muito para determinar a sua filosofia, mas, inversamente, sua filosofia muito para determinar tais circunstâncias. (Bernard Russel, História da Filosofia Ocidental).

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sugestivo

A inveja no Facebook



A rede da inveja

Uma surpresa revelada por pesquisas científicas: para muita gente, o Facebook é uma fonte permanente de frustração e angústia

                                                                                       Filipe Vilicic
Para ler mais...
http://contextoshistoricos.blogspot.com.br/2013/02/a-inveja-no-facebook.html

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sobre Ágape

Quando se estuda o amor em filosofia tem-se a distinção de pelo menos três tipos de amor: o philia que é um amor de conhecimento, daí vem a palavra filosofia, que signfica amor a sabedoria; temos eros, do qual deríva a palavra erótica, que aquele amor carnal ou sensual entre duas pessoas, e temos Ágape, que é este amor incondicional. Título de uma obra do Pe. Marcelo Rossi, um livro oracional. Numa das passagens citadas da Bíblica logo no início do livro é umas das mais belas passagens da I carta de São João, no Capitulo 4: 
(7) Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. (8) Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. (9) Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele.(10) Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação por nossos pecados. (11) Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros .(12) Ninguém jamais viu a Deus; se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós. (13) Sabemos que permanecemos nele, e ele em nós, porque ele nos deu do seu Espírito. (14) E vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho para ser o Salvador do mundo.(15)Se alguém confessa publicamente que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus.(16)Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. (17) Desta forma, o amor está aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque neste mundo somos como ele. (18) No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. (19)Nós amamos porque ele nos amou primeiro. (20) Se alguém afirmar: "Eu amo a Deus", mas odiar a seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. (21) Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também a seu irmão.
 Além  magnitude desta passagem que condensa uma visão de amor extremante graciosa para a vivência do cristianismo, quero resssaltar como a sabedoria não é uma coisa que provém necessariamente de livros. Falando com meu avó sobre esta passagem, ele diz intuitivamente que o amor que as pessoas tem de fato não é uma amor, que o amor de Deus é "Wirklich, é o amor efetivo ou real. De alguma forma sabe o que é  a Ágape, esta forma diferente de amor.


domingo, 15 de julho de 2012

Sugestão de texto de Leibniz

http://institutosantacruz.wordpress.com/2012/04/17/filosofia-de-leibniz-i/
 http://institutosantacruz.wordpress.com/2012/04/24/os-fundamentos-da-monadologia/

FILOSOFIA DE LEIBNIZ (I)


Introdução
Gottfried Wilhelm Leibniz nasceu em Leipzig, Alemanha, em 1º de julho de 1646. Acometido de uma crise de gota, faleceu em 14 de novembro de 1716. Leibniz foi um homem de muitos interesses. Filósofo, jurista, lingüista, matemático, historiador, diplomata, suas contribuições versam desde a descoberta do cálculo infinitesimal até o esforço pelo ecumenismo e pela superação dos conflitos religiosos na Europa da época.
São suas obras principais: O discurso de metafísica (1686); Novos ensaios sobre o entendimento humano (1701-1704, publicados em 1765); Teodicéia (1710); Monadologia (1714); Princípios da natureza e da graça (1714).
Os historiadores da Filosofia costumam classificar a filosofia clássica moderna em (1) Empirismo britânico: John Locke, Berkeley e David Hume; (2) Racionalismo continental: René Descartes, Espinosa e Leibniz.
Se seguirmos essa orientação, é preciso dizer que Leibniz foi um racionalista bastante peculiar. Crítico de Descartes (em Animadversações sobre os princípios da filosofia de Descartes), de Espinosa e de Locke (em Novos ensaios sobre o entendimento humano), afasta-se do subjetivismo característico do pensamento moderno em suas origens.
Leibniz produziu um vasto sistema metafísico interligado, mas não o apresentou em uma única obra. Por isso, para compreender sua acepção ontológica do mundo e de tudo que o compõe é preciso fazer as articulações dos fundamentos da metafísica apresentados em suas principais obras. Para Leibniz, toda verdade deve ter uma razão segundo a qual ela é verdade. A tarefa da filosofia consiste na integração da totalidade do conhecimento humano.
Racionalismo e finalismo
 1. Duas relações da teoria de Leibniz com as filosofias anteriores são centrais para compreender o seu sistema filosófico:
a)           o ideal de uma explicação matemática do mundo, fornecida por Descartes, a partir da qual Leibniz pretendia lançar as bases de uma combinatória universal, espécie de calculo filosófico que lhe permitiria encontrar o verdadeiro conhecimento e desvendar a natureza das coisas;
b)           de Aristóteles e da escolástica, Leibniz assimilou a noção conforme a qual o universo está organizado de maneira teleológica, ou seja, tudo aquilo que acontece, ocorre tendendo para determinados fins.
Isto implica na possibilidade da mediação entre a philosophia perenis e os philosophi novi (Revolução científica e mecanicismo).
Dois conceitos são retomados: a) o conceito de “fim” (ou de “causa final”, juntamente com a visão teleológica geral ou finalística da realidade nele fundada; b) o conceito de “substância”, juntamente com a respectiva visão ontológica da realidade.
2. A vontade do Criador (na qual se fundamenta o finalismo) submete-se ao Seu entendimento (racionalismo). Deus não pode romper Sua própria lógica e agir sem razões, pois estas constituem Sua natureza imutável.
3. Com efeito, o mundo criado por Deus constitui-se por uma racionalidade, cumprindo objetivos propostos pela mente divina.
4. A filosofia de Leibniz que propõe superar o racionalismo cartesiano e o finalismo aristotélico apresenta como núcleo uma serie de princípios de conhecimento, dos quais se poderiam deduzir uma concepção do mundo e uma ética dotada inclusive de implicações políticas.
5. Leibniz estabelece princípios basilares de seu sistema filosófico: os princípios do melhor, de não contradição, da razão suficiente, da continuidade e dos indiscerníveis. Tais princípios são constitutivos da própria razão e, portanto, inatos. Em Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano, Leibniz refuta a teoria empirista de Locke (1632-1704), segundo a qual a origem das ideias encontra-se na experiência, apenas uma “tabula rasa”, uma folha de papel em branco. Para Leibniz, ao contrário, a experiência só fornece a ocasião para o conhecimento dos princípios inatos ao intelecto (Prefácio, p. 22).
6. “Daqui parece dever-se concluir que as verdades necessárias, tais quais as encontramos na matemática pura e sobretudo na aritmética e na geometria, devem ter princípios cuja demonstração independe dos exemplos, e consequentemente também do testemunho dos sentidos, embora se deva admitir que sem os sentidos jamais teria vindo à mente pensar neles” (Prefácio, p. 23).
7. O princípio de razão consiste em submeter toda e qualquer explicação ou demonstração a duas exigências:
a) A primeira funda-se no caráter não contraditório daquilo que é explicado ou demonstrado; é a razão necessária ou principio de não contradição.
b) A segunda exigência consiste em que, além de explicado ou demonstrado não ser contraditório (e sendo, portanto, possível sua existência), a coisa em questão também existe realmente; é a razão suficiente. Com efeito, uma coisa só pode existir necessariamente se, além de não ser contraditória, houver uma causa que a faça existir.
8. Além da causa eficiente que produz as coisas segundo o princípio de razão (não contradição e suficiência), intervém nessa produção a causa final. A primeira é de tipo matemático e mecânico, a segunda é dinâmica e moral.
9. O fim da produção das coisas é a vontade justa, boa e perfeita de Deus, que deseja essa produção. O finalismo é que sustenta o princípio do melhor: Deus calcula vários mundos possíveis, mas faz existir o melhor desses mundos. O critério do melhor tem conotação moral.
10. O mal é a simples sombra necessária do bem. O finalismo, desse modo, mostra o otimismo leibniziano do melhor dos mundos possíveis.
11. O princípio da continuidade afirma que a natureza não dá saltos; assim como não há vazios no espaço, assim também não existem descontinuidades na hierarquia dos seres. Por exemplo, as plantas não passam de animais imperfeitos.
12. O princípio dos indiscerníveis constitui a multiplicidade e a individualidade das coisas existentes. Leibniz afirma que não há no universo dois seres idênticos e que sua diferença não é numérica nem espacial ou temporal, mas intrínseca, isto é, cada ser é em si diferente de qualquer outro. A diferença é de essência e manifesta-se no plano visível das próprias coisas.
Antônio José Resende[1]
[1] Professor no IFTSC e na PUC-Goiás


FILOSOFIA DE LEIBNIZ (II): OS FUNDAMENTOS DA MONADOLOGIA

Continuação do texto “Filosofia de Leibniz (I)
1. Leibniz elabora uma noção dinâmica do ser e rompe com a concepção mecanicista de Descartes que formula uma teoria geométrica e mecânica dos corpos. Ele explica os seres não como maquinas que se movem, mas como forças vivas.
2. Uma forma de acesso à compreensão de sua obra pode ser a partir de determinadas doutrinas lógicas por ele apresentadas, ou, por outra via, pode-se iniciar pela idéia de mônada. A Mônada é uma substância. Em Os Princípios da Filosofia ou a Monadologia, afirma o referido filósofo, que “A Mônada de que aqui falaremos não é outra coisa senão uma substância simples, que entra nos compostos; simples quer dizer sem partes. Teodicéia, § 10” (§ 1, p. 131).
Mônada é uma unidade elementar única, indivisível. Tem um certo número de propriedades, mas, por ser simples, não tem partes.
Diz Leibniz, tudo que é complexo é formado pelo simples, e as componentes simples últimas do complexo são os verdadeiros constituintes do mundo, enquanto os complexos são simplesmente produtos secundários da agregação dos simples. Com efeito, tudo o que ocupa espaço tem extensão e é, portanto, divisível e, por conseguinte, complexo.
Portanto, as componentes últimas do mundo têm de não ter extensão e, porque não a têm, não são materiais. Por conseguinte, o mundo real é constituído por uma infinidade de pontos metafísicos; e como estes itens sem extensão e indivisíveis não são materiais, têm de ser mentais.
Assim, o mundo consiste numa infinidade de itens espirituais que são como pontos ou, como muitos denominam, e às vezes o próprio Leibniz o diz, uma infinidade de almas, tudo, desde a mais importante delas, Deus, de quem tudo o resto depende, até a alma humana, que é a mônada particular que nos dá em primeiro lugar a idéia de substância, até os constituintes últimos do que, confusamente, concebemos como matéria.
3. Noção fundamental da metafísica de Leibniz: a matéria é essencialmente atividade, bem como, o universo é composto por unidades de força, as mônadas. Ele chega à noção de mônada mediante a experiência interior que cada indivíduo tem de si mesmo e que o revela como uma substancia ao mesmo tempo una e indivisível.
Tudo o que existe de complexo no mundo deve ser analisável em elementos mais simples. Se os elementos mais simples forem à mesma complexos, então têm de ser também analisáveis. Assim, acabaremos por chegar a elementos absolutamente simples que já não são analisáveis, os quais são os constituintes últimos do mundo.
Todavia, estes não podem ser materiais, porque parte da própria definição de matéria dizer que ela é algo dotado de extensão, e a extensão é, por definição, subdivisível. Obviamente, aquilo que já não é divisível não pode ser subdivisível. Assim, os constituintes últimos do mundo têm de ser não materiais e não podem ocupar espaço.
As mônadas têm consciência? Parece-nos que a resposta de Leibniz é afirmativa. Leibniz pressupunha que estes pontos últimos ou mônadas eram espíritos. Sabe-se que ele aceitava inquestionavelmente o princípio de Descartes de que tudo o que existe ou ocupa espaço ou é consciente (alma/intelecto).
No entanto, note-se que ao sustentar que as mônadas eram conscientes, Leibniz não foi ao ponto de supor que fossem universalmente autoconscientes. Pensava que as mônadas tinham percepções, tinham consciência de outras coisas para além delas próprias. Mas não afirma que as mesmas eram capazes de apercepção, isto é, a capacidade que uma consciência pode ter de estar consciente das coisas fora dela própria.
A realidade é constituída de “centros de força”, ou seja, centros de atividade, pontos ou átomos físicos e imateriais. Esses centros de força são “substâncias simples”, ou mônadas. Também denominou enteléquias para indicar a perfeição intrínseca que possuem.
Curioso notar que uma das teorias fundamentais da física do séc. XX diz que toda a matéria é redutível a energia, ou seja, que a energia é o constituinte último do universo físico. Pode-se considerar a acepção de Leibniz próximo desta idéia? Parece-nos que sim, uma vez que ele afirmava que toda a matéria era constituída por propensões para a atividade que não são em si próprias materiais.
Necessário se faz ponderar que no séc. XVII, o único vocabulário de que as pessoas dispunham para falar de centros não materiais de atividade era um rol conceitual composto de denominações como espírito, alma, mente etc., como os utilizados por Leibniz.
Neste cabedal conceitual contemporâneo do filósofo, admitia-se que a natureza consistia em matéria em movimento, e que o movimento não era intrínseco à própria matéria, mas tinha de ser comunicado ao mundo material a partir de uma fonte exterior. Leibniz não defendia esse pressuposto. Defendia que o movimento, ou a energia, ou a atividade, que é talvez o termo genérico mais adequado, é intrínseca aos constituintes últimos do mundo.
Influenciou os filósofos Frege e Russell, com a definição de que todas as proposições são verdadeiras (V) ou falsas (F). Proposições analíticas são verdades de razão; proposições sintéticas são verdades de fato. As verdades de razão são finitas e infinitas.
Existência. Propriedade da existência. 1) Só deus existe necessariamente; 2) a existência de tudo o mais depende de Deus optar por atribuir existência a essa coisa possível; 3) há infinitamente muitos indivíduos possíveis, coisas cujas noções completas são intrinsecamente coerentes.
Deus – há uma existência de sistemas possíveis – escolhe o melhor para criar. Deus contempla o inventário infindável de mundos possíveis, de sistemas possíveis de coisas que são coerentes umas com as outras e então, por ser perfeito, escolhe o melhor, isto é, o melhor dos mundos possíveis.
Tal escolha, não ocorre conforme o ponto de vista humano, prático, emocional, mas escolhe um modo mais abstrato e metafísico, ou seja, o mundo possível no qual há, grosso modo, a maior quantidade de existência.
Teoria da harmonia preestabelecida.
Razão necessária/conhecimento necessário.
Princípio da razão suficiente.
Se a nós nos parece que as coisas estão casualmente inter-relacionadas, é porque todo o cosmos é, desde o princípio e ao longo de sua história, a criação unitária de Deus, e as interconexões aparentes não são encadeamentos causais, mas uma harmonia preestabelecida que deriva desse fato.
Problema da liberdade da vontade. E o livre arbítrio existe? E o mal? Como explicar o problema do mal no mundo? Deus cria o mundo equipado. Cada indivíduo autodetermina-se perfeitamente. A pessoa age por consciência e autoconsciência, ou ao arrepio de sua verdadeira natureza?
Segundo Leibniz, Deus cria todas as outras mônadas que constituem o mundo e as equipa com uma natureza intrínseca, isto é, única em cada caso, que determina tudo o que fazem subsequentemente. Em outros termos, tudo o que acontece é preparado por Deus. A conexão causal aparente acaba por ser tão-só um qualquer tipo de correspondência ou paralelismo entre o que acontece numa coisa e o que acontece na outra.
Para a concepção de mundo de Leibniz, a força que determina cada indivíduo, uma vez desencadeada por Deus, é a natureza com que Deus equipou esse indivíduo. Neste sentido, no âmbito da liberdade, cada indivíduo autodetermina-se perfeitamente.
Philosophia perennis = plano do finalismo filosófico; pilosophi novis = âmbito especificamente científico/plano do mecanicismo científico.
Para Leibniz, extensão e movimento, figura e número são apenas determinações extrínsecas da realidade, que não vão além do plano da aparência, ou seja, do fenômeno. Prelecionam Reale & Antiseri,
A extensão (a res extensa cartesiana) não pode ser a essência dos corpos, porque por si mesma não basta para explicar todas as propriedades corpóreas. Por exemplo, como mostra Leibniz, não explica a inércia, ou seja, a relativa resistência que o corpo opõe ao movimento, a ponto de ser necessária uma “força” para desencadear tal movimento. O que significa que existe algo que está além da extensão e do movimento, que não é de natureza puramente geométrico-mecânica e, portanto, física, sendo assim de natureza metafísica, que é precisamente a “força”. É dessa força que derivam tanto o movimento como a extensão.
Cada mônada é diferente da outra (Os Princípios da Filosofia ou Monadologia, § 9). Todo ser criado está sujeito a mudança, e, por conseguinte, a mônada criada também (idem, § 10). A mudança ocorre por um princípio interno, já que uma causa externa não poderia influir em seu interior (Teodicéia, §§ 396 e 400, in Os Princípios da Filosofia ou Monadologia, § 11).
4. Caracterização das mônadas:
a) Percepção: pela percepção as mônadas representam as coisas do universo; cada um de per si espelha o universo todo;
b) A apercepção é a capacidade que a mônada espiritual tem de auto representar-se, isto é, de refletir; a mônada é consciência ou percepção consciente;
c) A apetição consiste na tendência de cada mônada de fugir da dor e desejar o prazer, passando de uma percepção para outra.
5. Há dois tipos de inconscientes: o inconsciente de percepção, próprio das simples mônadas enquanto são apenas “espelhos do universo”, e o inconsciente de imitação, pertencente apenas aos espíritos enquanto não são apenas espelhos, mas espelhos dotados de reflexão.
6. A razão dessa diferença encontra-se no fato de que as mônadas não possuem o mesmo grau de perfeição, como se segue:
a) no grau mais alto estão as “mônadas racionais”, com consciência e vontade;
b) depois as “mônadas sensitivas”, que são os animais dotados de apercepções e desejos;
c) por último, as “mônadas nuas”, corpos brutos que só têm percepções inconscientes e apetições cegas.
O melhor dos mundos possíveis e a harmonia preestabelecida
  • O universo compreendido como um todo, harmônico.
  • Relação com o modelo estoico: o universo é concebido à semelhança de um organismo pleno, cujas partes convivem numa harmonia natural e onde tudo é análogo a tudo.
  • Há uma harmonia preestabelecida, uma vez que os atos de cada mônada foram antecipadamente regulados de modo a estarem adequados aos atos de todas as outras. Isto ocorre no instante da criação. Deus a realiza desse modo.
  • Deus escolhe o melhor dos mundos dentre todos aqueles que se apresentam como possíveis.
O homem e o seu destino
  • Como explicar a presença do mal no mundo?
  • E o livre arbítrio existe ou toda ação humana já está preestabelecida?
  • O mal se manifesta de três modos: metafísico, físico e moral.
  • Metafísico: é a fonte do mal moral, e deste ocorre o mal físico. O mal metafísico é a imperfeição inerente à própria essência da criatura, pois se ela fosse perfeita, seria o próprio Deus.
  • Mal moral: surge da relação da imperfeição da criatura e sua possibilidade de contemplar o Bem. A sujeição ao erro próprio da limitação da criatura.
  • Mal físico: uma consequência física da limitação original e uma consequência ética, donde decorre a punição do pecado.
Os pontos básicos da metafísica monadológica:
  • A natureza das mônadas como “força representativa”
  • Cada mônada representa o universo e é como um microcosmos
  • O princípio da identidade dos indiscerníveis
  • As leis da continuidade e seu significado metafísico
  • A criação das mônadas e a sua indestrutibilidade
As mônadas e a constituição do universo:
  • Explicação da materialidade e corporeidade das mônadas
  • Explicação da constituição dos organismos animais
  • A diferença entre as mônadas espirituais e as outras mônadas
A harmonia preestabelecida
Deus e o melhor dos mundos possíveis (o otimismo leibniziano)
As verdades de razão, as verdades de fato e o princípio da razão suficiente
A doutrina do conhecimento: o inatismo virtual ou a nova forma de “reminiscência”
O homem e o seu destino.
Princípios constitutivos da razão humana, segundo Leibniz:
  1. Princípio do melhor (Deus cria o melhor dos mundos possíveis).
  2. Princípio de não contradição (A é A e não pode ser não-A).
  3. Princípio da razão suficiente.
  4. Princípio ou Lei da continuidade.
  5. Princípio dos indiscerníveis.
Todos estes princípios são inatos, isto é, emanam da própria razão humana e a validade dos mesmos não depende da experiência.
A experiência só fornece a ocasião para o conhecimento dos princípios inatos do intelecto.
Antônio José Resende[1]
[1] Professor no IFTSC e na PUC-Goiás

sábado, 7 de julho de 2012

Sentimentos internos

Conhecendo grandes pessoas sempre se aprende muita coisa, está aprendi comum mestre.
Uma das grandes virtudes da vida é as pessoas conseguirem o equilibrio, o que Aristóteles chamava de meio termo. Quando se diz que alguém é adulto ou maduro, é alguem equilibrado emocionalmente. Pessoas que apesar das adversidades exteriores conseguem manter a retidão e constância em seus atos, são pessoas admiráveis. Pessoas equilibradas são pessoas que não perdem o controle da situação, não gritam, não se abalam e não se afetam. Quando jovens temos mais prospecção de sermos afetados pelo que as outras pessoas dizem; então basta alguém nos fazer uma crítica e o mundo desaba.
As circunstâncias ao nosso redor são muito importante para nos manter conectado ao movimento do mundo, e acompanhando as mudanças que ocorrem, mentalmente alguém que não acompanha as mudanças exteriores é alguem alienado, um fanático, um fundamentalista.
O problema de ser influenciado é de vertente emocional, afinal tudo entra em nossa vida através dos sentidos. A forma que algumas pessoas encontraram de não se afetar emocionalmente por coisas exteriores que são banáis, é viverem seu sentimentos internos, e não de forma externa. Ou seja, você ser a fonte de energia dos teus sentimentos, e ter a capacidade de filtrar o que lhe pode importar ou não do mundo externo. 
Viver internamente seus sentimento e produzi-lo internamente para que possamos erradiar nosso meio é uma capacidade de liderança. Pessoas que são o epicentro de energia negativa conseguem igualmente afetar seu redor. Exige algum tipo de treinamente para você ser autor de seus sentimentos, claro que isso não significa controla-los, afinal ninguém controla sentimento de forma direta.
Não vou entrar aqui no mérito de onde e como buscar a fonte inspiração, ou o porto seguro para servir de base nas tributações, existe uma vasta gama de possibilidades desde o autoconhecimento, alguns por intuição, outro com duros exercicios de meditação, outros encontram na religião, outros valores que possuem....

domingo, 1 de julho de 2012

Reflexões do dia

"Ele (Deus) não faz nada por acaso e não se assemelha a nós, pois às vezes se nos escapa aquilo que é oportuno fazer" Leibniz. 
Quantas vezes deixamos escapar o que é oportuno fazer, coisas que sabíámos que era necessário ou porque tomamos algo supérfulo por algo oportuno, e percebemos que grandes chances formam nos escapando entre os dedos.

domingo, 24 de junho de 2012

Algo de Leibniz para a vida

"E penso que no universo nada é mais verdadeiro do que a felicidade, nem mais feliz ou doce do que a verdade." Leibniz. A primeira parte da afirmação estamos absolutamente dispostos a aceitar na integra, por que a felicidade plena deve necessariamente ser verdadeira, agora se a verdade nos causa felicidade, somente se somos autênticos, autenticidade não é algo que você precisa demonstrar a outrem, mas algo que você precisa  ser em si. Somente neste sentido podemos concordar que a felicidade nos deixe feliz, apesar de uma aparente afetação emocional. Essa vai para semana...

Leibniz - apontamentos e leituras

Leibniz está inserido no centro da revolução cientítica em que se destacam o empirismo de Bacon e o Racionalismo de Descartes. O reflexo disso é que a filosofia escolástica com seus problemas e respostas submergiram frente as ciencias matemáticas, em especial a física. A filosofia de Leibniz reflete esse novo paradigma emergente.
Dois conceitos sobretudo foram ameaçados seriamente:
a) conceito de causa final aristotélica, juntamente com a noçao finalísitica do universo (visão teleológica da realidade);
b) O conceito de substância no sentido metafísico, ou seja a realidade última nao possui mais perpe
ctiva ontológica.
O mérito da filosofia de Leibniz está na sua capacidade de sintetizar o pensamento de sua época, a partir da reeleitura destes conceitos. O conceito de Philosophia Perennins em que as questões que permanecem da permeiam a filosofia medieval possam ser conciliados com a Philosophia Novis (nova filosofia).
Leibniz defende que a realidade medieval e a realidade moderna, se colacam em planos diferentes , e em sim mesma não se combatem quando corretamente entendidas, e o estabelecimento de conexões entre ambas produzem enfeitos intenressantes. A genealidade da filosofia leibniziana está em compreender bem o passado e compreender bem o moderno, é um mediador entre ambos os movimentos. Leibniz consegue manter prefuda admiração pelos filosofos considerados ultrapassados na modernidade, chegando a afirma que os "geômetras analíticos" encontrariam muitas verdade neste filosofos.
"É nessa tentativa de reconsiderar os antigos à luz dos modernco e fundir as suas diferentes instâncias que seridade a grandeza histórica e teórica de Leibniz" (Reale e Antiseri, p. 447)

a) Finalismo
A ciência inaugurada por Descartes, propõe explicar os fenômenos que acontecem a partir do "mecanicismmo". Para a explicação mecanicista da coisas é suficiente ter extensão e movimento. Ou seja, quando algo acontece no mundo tem-se uma movimento, imediatamente anterior no tempo e espaço, a partir do aspecto físico, nao existindo qualquer sentido finalístico para este evento acontecer.
O argumento de Leibniz é retirado do livro de Platão do livro Fédon nas suas segundas navegações:
O argumentos é o seguinte:  Anaxágoras argumenta que a o fato de Sócrates ter permanecido na prisão e nao ter fugido é porque Sócrates tinha perna s feitas de músculos, tendões, ossos... do  ponto de vista mecanicista. Mas a razão de Sócrates ter permanecido na prisão é na verdade é de ordem moral, julgou que era o bem permanecer e aceitar a condenação.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Dados dos pensamentos verdes

20% do vertebrados estão ameaçados;
45%  até 2050 45% da população mundial não terá porçao mínima de água;
10% do PIB é gasto com efeitos ambientais;
13 Bilhões de resíduos urbanos será liberado até 2050.
25% do lixo somente é reciclado atualmente
4º C mais quente ate 2100, agravando a seca e inundações

Os objetivos do milenio - ainda pensando verde

O que são os objetivos para o milênio?

Também conhecidos como "8 Jeitos de Mudar o Mundo", os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) são um conjunto de metas pactuadas pelos governos dos 191 países-membros da ONU com a finalidade de tornar o mundo um lugar mais justo, solidário e melhor para se viver


Por vários autores
Revista Vida Simples - 08/2008
 

O compromisso foi firmado durante a Cúpula do Milênio, em setembro de 2000, após uma análise dos maiores problemas globais, e prevê um conjunto de oito macroobjetivos (voltados basicamente para as áreas de saúde, renda, educação e sustentabilidade) a serem alcançados pelas nações até 2015. São eles:
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1. Reduzir pela metade o número de pessoas que vivem na miséria
e passam fome. Cerca de 980 milhões de pessoas no mundo vivem
com menos de 1 dólar por dia. Algumas ações sugeridas são o apoio
à agricultura familiar, a programas de educação e projetos de merenda
escolar.
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2. Educação básica de qualidade para todos. Cento e treze milhões
de crianças ainda não freqüentam a escola no mundo. Fornecer
material didático gratuitamente e capacitar professores fazem parte
das iniciativas adotadas pelos governos.
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3. Igualdade entre os sexos e mais autonomia para as mulheres.
Dois terços dos analfabetos são mulheres. A ONU sugere projetos
de capacitação e melhoria da qualificação profissional feminina e a
criação de oportunidades de inserção das mulheres no mercado de
trabalho.
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4. Redução da mortalidade infantil. A cada ano, 11 milhões de bebês
morrem de causas diversas. Investimento em saneamento básico,
estímulo ao aleitamento materno e campanhas de esclarecimento
sobre higiene pessoal e sanitária são algumas das medidas propostas.
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5. Melhoria da saúde materna. Nos países pobres e em desenvolvimento,
a cada 48 partos uma mãe morre. As ações passam por iniciativas comunitárias
de atendimento à gestante, no pré e pós-parto, e por programas de apoio à saúde
da mulher.
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6. Combate a epidemias e doenças. A cada dia, 6800 pessoas são
infectadas pelo vírus HIV. A cada ano, 2 milhões de pessoas morrem
de tuberculose e 1 milhão, de malária. Distribuição gratuita de remédios
e campanhas de vacinação estão entre as propostas.
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7. Garantia da sustentabilidade ambiental. Os governos apostam em
programas de coleta seletiva e reciclagem, no suporte a projetos de
pesquisa na área ambiental e no estímulo a práticas sustentáveis,
divulgadas em empresas, escolas e comunidades.
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8. Estabelecer parcerias mundiais para o desenvolvimento. O intuito é
diminuir a desigualdade entre os países. Apoio à capacitação profissional
de jovens de baixa renda, mobilização de voluntários na área da educação
e estímulo a projetos voltados ao empreendedorismo estão entre as ações.
Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM)
* por Yuri Vasconcelos, Liane Alves, Elisa Correa
Ilustrações Adriana Leão

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_293669.shtml 

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