quinta-feira, 19 de maio de 2011

A FILOSOFIA

(Immanuel Kant)


pode-se chamar de filósofo. Mas filosofar é algo que só se pode aprender pelo exercício e o uso próprio da razão.

Como é que se poderia a rigor aprender a Filosofia? Todo pensador filosófico constrói, por assim dizer, sua obra própria sobre os destroços de uma obra alheia; mas jamais se erigiu uma que tenha sido estável em todas suas partes. Não se pode aprender Filosofia já pela simples razão que ela ainda não está dada. E mesmo na suposição de que realmente existisse uma, ninguém que a aprendesse poderia se dizer filósofo; pois o conhecimento que teria dela seria sempre um conhecimento tão-somente histórico –subjetivo. “Mas, no que concerne à Filosofia segundo o conceito de mundo, também se pode chamar-lhe uma ciência da máxima suprema do uso de nossa razão, na medida em que se entende por máxima suprema do uso de nossa razão o princípio interno de escolha entre diversos fins.

Pois a Filosofia no último sentido é, de fato, a ciência em relação ao todo do conhecimento e de todo o uso da razão como fim último da razão humana, ao qual, enquanto fim supremo, todos os outros fins estão subordinados, e no qual estes têm que se reunir de modo a construir uma unidade.

O domínio da Filosofia neste sentido cosmopolita deixa-se reduzir as seguintes questões: 1) O que posso saber? 2) O que devo fazer? 3) O que me é lícito esperar? 4) O que é o homem?

A primeira questão responde a Metafísica; à segunda, a Moral; a terceira, a Religião; e a quarta, a Antropologia. Mas, no fundo, poderíamos atribuir todas essas à Antropologia, porque as três primeiras questões remetem à última.

O filosofo tem, por conseguinte, que poder determinar:

1) as fontes do saber humano,

2) a extensão do uso possível e útil de todo o saber, e finalmente,

3) os limites da razão.

Ninguém que não possa filosofar

A Filosofia é a única ciência que sabe nos proporcionar essa satisfação interna; pois ela fecha, por assim dizer, o círculo científico, e é só então, graças a ela, que as ciências adquirem ordem e conexão.

Por conseguinte, se quisermos nos exercitar na atividade de pensar por si mesmo ou filosofar, teremos que olhar mais para o método de nosso uso da razão do que para as proposições mesma a que chegamos por intermédio dele.” (KANT)

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